A impermanência da vida nos faz deixar muitas coisas pra trás. Em uma longa travessia, é preciso aprender a sustentar o vazio e saber onde buscar aquilo que nos preenche.
Passei quase uma década organizando minhas próprias expedições em diversas partes do mundo. Talvez esse não tenha sido o melhor caminho pra fazer dinheiro, mas foi enriquecedor em muitos outros níveis. Uma riqueza que sempre será minha. A viagem me abriu inúmeras portas, me deu uma bagagem cultural preciosa e um repertório infinito na gestão de pessoas, me ensinou a atravessar adversidades e ter inteligência emocional em situações extremas, transformou minha relação com a natureza, me possibilitou criar uma carreira inusitada de forma independente, ser referência para outras mulheres em suas trajetórias e viver sonhos que eu nem sabia que tinha.
No entanto, junto disso também ganhei consciência e lucidez diante do que as redes sociais e o turismo estão fazendo com o mundo. Senti o peso da carga de responsabilidade que eu tenho com o meu trabalho, as consequências diretas do meu poder de influência e uma necessidade inadiável de ser agente de mudança e ter uma vida mais coerente com o que eu acredito. Inclusive, pra quem busca ampliar seu senso crítico como viajante, soltei algumas reflexões bem pertinentes sobre esse tema aqui nesse vídeo e também nesse outro. São vídeos longos, mas vale a pena tirar um tempinho pra escutar.
Acho triste pensar como as pessoas estão adoecidas e presas em uma expectativa de que viajar é a única coisa que pode fazê-las felizes. Ou como as pessoas diminuem suas escolhas e perdem um tempo precioso de vida na infeliz busca por algo que elas não são.
Em paralelo a isso, também veio minha casa, a Margot, a paixão pela Mantiqueira e a beleza que eu sempre enxerguei nas coisas simples. Essa simplicidade tão difícilque vai junto comigo onde quer que eu vá. No fundo, eu sempre busquei esse senso de pertencimento que tenho construído aqui. O que tenho trilhado hoje é o caminho do meio. Ou, ao menos, o “meio” que faz sentido nesse ponto da jornada, sem qualquer apego além dos próximos passos que devo dar agora.
Sou uma eterna questionadora e exploradora do meu lugar como mulher no mundo. A essência das minhas viagens permanece pura e intacta em qualquer experiência que eu me proponha a conduzir. Enquanto eu for fiel à minha verdade, seguirei cada vez mais forte no que eu faço.
Passei os últimos dias programando meu calendário e desenhando as próximas imersões que irei conduzir na Serra da Mantiqueira. Me peguei com aquele friozinho gostoso na barriga que há muitos anos deixei de sentir em qualquer fila de imigração. Sinto que as fronteiras que tenho cruzado de uns tempos pra cá são invisíveis, mas infinitamente maiores. Me levam para um lugar de expansão coletiva que vai muito além da arrogância viajante de querer guardar pra si os grandes aprendizados que o mundo traz.
É bem desafiador vir aqui sintetizar e comunicar tudo que acontece em cada mergulho. Tentar mensurar as transformações ou rascunhar uma mera chamada de vendas seria totalmente injusto com tudo que minhas imersões representam na vida de quem se permite vivê-las. Na época que comecei a fazer minhas expedições pra fora, não conhecia ninguém que fazia o mesmo. Abri meu próprio caminho no facão, ocupei minhas conquistas de forma íntegra e sinto que expandi até o momento que aquilo já não me cabia mais. E nos dilemas que acontecem entre ser uma coisa ou outra, me lembro da importância de ser mais “e” ao invés de “ou". A vida é uma grande somatória de repertórios, e isso eu sei que tenho de sobra.
Na essência, tudo que meu trabalho representa tem a ver com liberdade, em grandes viagens pra fora ou pra dentro.
De uns tempos pra cá, tenho sentido pulsar em mim o desejo de partilhar minha bagagem explorando lugares mais internos. Percebo que todos os anos que me dediquei a explorar o mundo, na verdade foram caminhos para me fortalecer e conquistar minha autonomia como mulher. Encontrei na fotografia, nas aventuras e no contato com outras culturas uma nova forma de enxergar meu próprio corpo e sinto que essa foi a jornada mais libertadora que já percorri.



Assim fui lapidando a FOTO.SÍNTESE: UMA IMERSÃO DE FOTOGRAFIA SENSORIAL, que foi criada com intuito de explorar e expandir os conceitos da liberdade feminina, começando com uma linda aventura nas montanhas. Serão dias incríveis que estaremos imersas na natureza selvagem e no enorme privilégio de estar dentro de um parque nacional, onde teremos total privacidade, segurança e confiança de soltar nossas amarras e se ver livre para ser quem se é, longe do confinamento de nossas histórias, cicatrizes e verdades.
Como uma alma criativa que sou, eu sempre senti muita falta de espaços seguros onde eu pudesse manifestar minha criatividade sem pressão ou julgamentos. Criar só por criar. Levar minha criança interna pra brincar de forma leve e divertida sem apego aos resultados.
Foi daí que nasceu o RE.CRIA: UMA IMERSÃO DE CRIATIVIDADE desenhada para abrir caminhos, encontrar autenticidade e explorar as inúmeras possibilidades criativas de cada pessoa. Inspirada no livro “O Caminho do Artista” da Julia Cameron, vou conduzir uma experiência imersiva na natureza que iremos cocriar juntxs com intuito de desatar bloqueios criativos, expandir os sentidos e reconectar com a verdadeira essência da criatividade, que só se manifesta no desacelerar da vida.
LISTA DE ESPERA
Em breve, irei abrir a agenda das imersões para o próximo trimestre e gostaria de mapear o interesse e disponibilidade de vocês:
Para isso, criei um formulário de pré-inscrição para quem sentir de se entregar em uma dessas vivências. São encontros bem intimistas, com apenas 6 vagas em cada grupo. Irei priorizar quem está na lista de espera assim que eu lançar as próximas datas, então não deixe de preencher. Espero que possamos nos conhecer logo mais! ♡
Até o próximo chá.mego!
Com afeto, Patchi.